domingo, 28 de agosto de 2011

Comissão de Direitos Humanos propõe grupo sobre juventude e segurança

 Foto: Vanessa Gomes

A criação de um grupo de debate, sobre juventude e segurança, foi o resultado da audiência pública, realizada na tarde desta sexta-feira (26/08), no plenário da Câmara Municipal de Caxias do Sul. A sugestão partiu do vereador Renato Nunes/PRB, que integra a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança. Presidente da comissão, a vereadora Denise Pessôa/PT coordenou a reunião, que tratou do papel da sociedade, na prevenção da violência e da dependência química, junto ao público jovem.

A realidade da violência, entre jovens, recebeu contornos a partir de estudo citado pelo representante do Observatório da Juventude da Unisinos, José Silon. Desenvolvido em São Leopoldo, no ano de 2009, o levantamento demonstrou que 46% das mortes de jovens, na faixa de 18 a 25 anos de idade, se dão por homicídio (matar uma pessoa, voluntária ou involuntariamente), classificado pelo padre Gilnei Fronza, também presente, como a forma mais agressiva de violência.

Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa dos Direitos Humanos da Diocese de Caxias do Sul, Fronza comentou que, em 2006, boa parte das ocorrências de homicídios indicava, no registro da vítima, antecedentes criminais. Às vezes, esse histórico serve como justificativa, observou.

Na mesma linha, o delegado Roniewerton Fernandes divulgou que 65% dos presos, no município, possuem escolaridade abaixo da 5° série fundamental. Caxias apresenta uma situação atípica, onde existem mais conflitos entre bairros, ao contrário de outras cidades, onde as rixas ocorrem entre facções criminais, disse.

Integrante do movimento Hip-Hop, Jankiel Francisco Cláudio apresentou documentário, produzido pelo grupo "Poetas Divilas", que mostra a realidade dos usuários de drogas, em Caxias, onde poucos possuem um emprego fixo, sobrevivendo de roubos ocasionais. No caso do vídeo, praticamente nenhum dos entrevistados havia concluído o Ensino Fundamental.

Conforme a professora Nilda Stecanella, representante do Observatório de Educação da Universidade de Caxias do Sul, são necessários investimentos em projetos sociais que enfatizem a identidade do indivíduo. Essa manifestação encontrou apoio na fala de Cristiano Cardoso, do Departamento da Juventude da União das Associações de Bairros (UAB).

A vereadora Ana Corso/PT, presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, defendeu uma reforma na aplicação das operações policiais, sem envolver armas de fogo e risco à comunidade. Ponderou que a Brigada Militar precisa gerar sensação de segurança na comunidade.

Desde a tribuna, o vereador Nunes contou a sua história de vida e salientou o papel da família e da religião, no combate à violência e à dependência química. Eu encontrei um grande apoio na fé, relatou.

O secretário municipal de Segurança em exercício, José Barden, afirmou que está sendo organizado um estudo, de diagnóstico da realidade da cidade, para organizar um plano de ação, a fim de elaborar políticas públicas. Informou que o processo está em fase de licitação.

O major Jorge Ribas, do 12º Batalhão de Polícia Militar, lamentou o incidente ocorrido nesta semana, envolvendo cinco jovens e a Brigada Militar. Uma ocorrência em que há disparo de arma de fogo, para mim, conta como uma falha da corporação, afirma.

Ao término dos trabalho, a vereadora Denise destacou que a juventude não deve ser tratada como estatística, pois se trata de cidadãos com opiniões individuais. De acordo com ela, é preciso haver investimentos em trabalho e formação educacional dos jovens, com ênfase nos direitos humanos.

Além da presidente Denise, integram a Comissão de Direitos Humanos os parlamentares Ana Corso/PT, Mauro Pereira/PMDB, Renato Nunes/PRB e Renato Oliveira/PCdoB. O vereador Vinicius RibeiroPDT prestigiou a reunião.

Fonte: Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

Nenhum comentário:

Postar um comentário